Felipe Reis [7]
Os releases do Four Tet nunca foram similares, não de uma maneira óbvia, pelo menos - os sons eram diferentes comparando um disco com o outro, mas havia algo ali, uma riqueza de detalhamento e produção, que servia de impressão digital do produtor: sabiamos que era uma música do Four Tet ao ouvir uma. "Kool FM", que estará presente em seu novo álbum, é quando Kieran raspa os dedos para ficar sem essa impressão digital. A faixa é seca, repetitiva e estranha, de uma maneira alienadora, tornando incapaz uma conclusão muito rápida. Ao invés de samples de jazz e arpeggios, temos um breakbeat cortado numa construção hipnótica, quase como uma reconstrução do jungle assim como as feitas recentmenete pelo Demdike Stare ou pelo Zomby. Pode não ser uma obra digna do mestre da eletrônica que conhecíamos, mas é uma peça alien que prende pelo fator surpresa sem exatamente gerar contemplação. Que sirva de esqueleto para o resto do disco.
Julio Pio [6]
Não vou mentir: eu esperava outra "128 Harps", aquelas composições que parecem que se desfazem na sua mão e grudam na cabeça. Não sei o que me marcou na faixa: a surpresa de ser algo que foge ao que fazia (me lembrou o processo que o The Knife passou pelo excelente Shaking The Habitual) ou a aparência de uma colagem de duas sobras de algum álbum perdido do Zomby. "I'm not Burial". E parece não querer ser mais o Four Tet também.
Ramon R. Duarte [6.5]
Duas faixas que se contradizem em uma só: a primeira, até os seus 2 minutos, consegue sustentar um clima incrivelmente atmosférico com uma base densa e persuasiva; no entanto, ao mesmo tempo a sua estrutura é anêmica e frágil demais. Já a segunda parte é o oposto, com colagens e samples corrosivos, de início, a faixa é aversiva e estranha, mas o desfecho nu-jazz com uma bateria seca e elegante compensa a bagunça tímida de Four Tet. Uma anarquia contida, mas não menos atraente.
6.5
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