terça-feira, 13 de agosto de 2013

Stromae - Papaoutai (Faixa)

Omelette du fromage.

[Escute]




Felipe Reis [7]
Pop francês que foge dos estereótipos (nada de chanson, nada de Air, nada de electro-house farofa da Ed Banger), constrói um clima radiofônico saudável e mantém uma identidade cheia de energia (a influência africana é a garantia). Posso não entender uma palavra, mas isso não me impede de dançar.

Julio Pio [7.5]
Primeiro: existe vida além de "Alors On Danse", da chanson, daquele clima clichê de uma baguete, um cigarro e um ar depressivo em preto e branco. Segundo: essa vida é cheia de cor, tem afrobeat, referência daquele house de várzea, de raiz, moleque. Piadas a parte, Stromae conseguiu fazer um pop tão competente quanto dançante - tarefa difícil quando não se quer dar um ar de exótico - afinal, nem todo sintetizador pede letras em inglês.

Ramon R. Duarte [7.5]
O mais interessante em “Papaoutai” é notar como Stromae se apropria do electro-house convencional no âmbito da nouvelle chanson, mesmo que tal apropriação seja bem mais tímida e coadjuvante se compararmos com grande parte do pop mainstream. Aqui o gênero, que no início dos anos 90 estourou na França, adquire um tratamento menos atencioso a dividir espaço com elementos de música africana que se fundem ao êxtase eletrônico e dançante da faixa, mas o que existe de diferente em “Papaoutai” é a percepção que o músico belga tem de, em momento algum, transparecer a banalidade nos moldes padronizados e fatigantes de uma EDM cada vez mais irrisória, ao mesmo tempo em que o seu tímido flerte com a música francesa tradicional em nada transmite qualquer semblante antiquado ou obsoleto demais, buscando assim um inteligente enlace de culturas e estilos distintos. Mika tentou de modo parecido no ano passado com o seu estudo particular sobre o amor em Origin of Love, mas falhou ao flertar cretinamente com o gênero, se utilizando de todos os maneirismos possíveis - felizmente Stromae não cai nessa armadilha em “Papaoutai”. Do chanson camuflado e presente no prólogo, introduzido pelos dedilhados característicos de piano, esses que seguem no quase spoken word inicial de Stromae e que encontram repentinamente a reviravolta contagiante no afro dance-pop da faixa, tudo faz com que o Paul van Haver trate “Papaoutai” como uma espécie de canto franco-tribal moderno regido em uma letra sobre o vazio insubstituível que a ausência de uma figura paterna pode causar. Stromae faz uma antropofagia cultural com as raízes da nouvelle chanson, da música africana e colhe nos frutos da música eletrônica o resultado de sua obra: uma atraente manifestação contemporânea do pop francês e da eurodance.


7.3

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