terça-feira, 3 de setembro de 2013

Forest Swords - Engravings (2013)




















Gêneros: Neo-Psychedelia, Drone, Ambient.
Similares: Peaking Lights e The Orb. 



A mais súbita reação do ouvinte ao entrar em contato com a música do Forest Swords é julgá-la de arte dark - é verdade que a capa do disco, de imagem bizarra, também não ajuda. A verdade é que o som do álbum responde a outro gênero e a outras ambições. Repare que os efeitos sonoros começam lacunares e minimalista até que, com o passar dos minutos, se tornam mais pesados e musculosos. Engravings é um épico, um disco sobre o estado de dormência e também sobre o brando imperativo.

O ponto de partida do produtor é sempre a fluência ondular da psicodelia. Não há viagem aos sub-mundos, mas sim um busca pelo transcendente, por aquilo que brilha e reluz feito ouro. A outra base do som vem do dub, mas não há como defini-lo somente como um projeto de eletrônica - existe um forte influência de sons orientais circulando por aqui (volte a "The Plumes" que encena um teatro Kabuki fora de época), assim como é impossível negar a familiaridade do produtor com melancolia quadrada de um Burial ("An Hour", por exemplo, faz uso de vozes envelopadas para criar uma atmosfera de desolação).

Fora todo esmero com o uso de melodias espaciais, me impressiona a capacidade do disco de partir de um único som e ir se utilizado dos limites dele. O melhor exemplo disso talvez seja "Onward", onde ouvimos um marca-passo lacunar ganhar ritmo calmamente por quase um minuto e meio para depois ganhar um teclado delicado e nada mais. Essa predileção pelo resíduo das experiências pode levar alguns a encarar a atmosfera como fruto da escuridão; não se trata, no entanto, mais do que um uso constante e milimétrico do silêncio como arma de ambientação. Este é um disco tanto sobre o tempo quanto é sobre as gravuras que busca alcançar.

Se todas as faixas do disco são desmembramento de pequenas partículas sonoras que se misturam, se replicam e se reinterpretam até representarem uma grande epopeia, não existe faixa melhor do que "The Weight of Gold". Nela todos os elementos do disco são comprimidos numa panela de pressão e utilizados no seu momento de maior tensão. Afinal, Engravings é também um álbum sobre a tensão de tonalidades e melodias. Sobre céu e inferno. O fundamental é que, mesmo quando o ouvimos com todo cuidado, os sons sempre parecem estar unidos por um dos songwriting mais inspirados do ano.


8.5 [RECOMENDADO] 

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