Gêneros: R&B, Soul-Music, Funk.
Similares: Miguel, Michael Jackson, Stevie Wonder.
Em 2010 o mundo parecia grande demais para Janelle Monáe. "So you think I am alone? But being alone is the only way to be" dizia o primeiro verso de Cold War. Três anos depois, a pequena menina do Kansas não está mais tão indefesa e sozinha. The Electric Lady é disco sobre freak outs. Sobre quebrar o equilíbrio e não se importar mais com nada. Nem com a solidão. Aqui a interprete é maior do que tudo: os gêneros, os preconceitos, as épocas. O século XXI deixou de ser assustador para Janelle. Agora há espaço para todos os estilos e todas as pessoas. Afinal, trata-se de um disco de soul-music e isso para ela significa, antes de mais nada, uma grande festa de todas as cores.
Ok, eu concordo com os alucinados por explorações de gêneros. Em 2010 Janelle gravou um disco um pouquinho mais descontrolado - o também ótimo The ArchAndroid. Naquela época não havia barreira entre certo e errado - uma canção super ágil como Faster podia casar com uma calorosa e cadenciada como Locked Inside, porque não? Este álbum, é verdade, me parece até mais comportado. Mas, se por uma lado as referências são bastante diretas, por outro, a mocinha se dá o direito de experimentar um pouquinho com a composição das canções - e falo aqui das composições mais inspiradas que ela escreveu.
Quase todas as faixas enérgicas, por exemplo, começam como um show futurista de groove/funk e acabam como uma balada de soul, com direito a metais e coros - cheque Dance Apocalyptic, uma fritação alucinada, com hook açucarado e vocais a Jackson 5. As mais calmas, por outro lado, se enveredam por caminhos curiosos. Primetime (com participação de Miguel) é uma balada cadenciada que utiliza um sampler irreconhecível de Where's My Mind do Pixies. É quase comum, não fosse a forma delicada como os dois interpretes vão se misturando com a faixa, quase se desfazendo - o passeio culmina num solo à Purple Rain do Prince (que também participa do álbum, na também ótima Givin' Em What They Love).
Essa opção pelo simples que se complica conforme as coisas progridem, responde nossas duvidas sobre Monáe. Diferente de outras cantoras de R&B que desfilam com vocais super exagerados e técnicos, ela parece sempre estar mais interessada em toda a viagem. A própria escolha do elenco, com Erykah Badu e Solange, Prince e Miguel (artistas que representam a velha e a nova guarda da black-music), sugere um mergulho no tempo. De Marvin Gaye à Michael Jackson. De Nova Orleans à Chicago. Do Jazz ao R&B. Nada fica de fora.
No fim das contas, The Electric Lady transpira uma paixão muito grande pela história da música negra. Não só por seus gêneros, mas por seus temas, refrões e bandeiras. "But the memories come home, yeah they do, it’s funny how they come back with a song" canta a moça na última faixa, What An Experince. O adeus de Monáe deixa claro que, independente da época, ela faz música para doentes por música, por gente que sente a história dançando no fundo das canções. A diferença é que ela está sempre com os dois olhinhos no futuro.
9.5 [RECOMENDADO]
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