segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Kelela - Enemy (Faixa)

Agora você tem onde depositar as esperanças que perdeu no The Weeknd.

[Escute]




Danilo Bortoli [6]
Agora eu entendo a Solange quando ela diz que é preciso que as pessoas conheçam mais deep cuts da Brandy.

Felipe Reis [8.5]
Depois de ceder os vocais ao Teengirl Fantasy e a uma das melhores faixas desse ano, "Bank Head" do Kingdom, a cantora Kelela não deixa a bola cair em sua primeira amostra solo. Quase como uma evolução de "Bank Head", em "Enemy" ela aposta na tensão ao se apoiar numa produção futurística que caminha entre o hip hop e a "bass culture", nos moldes hiper-digitais característicos dos produtores da Fade To Mind/Night Slugs. O peso das batidas é impulsionado (não amaciado) por sua afetação vocal R&B agressiva e profunda, o descontentamento lírico da personagem decepcionada com seu parceiro amoroso é quase palpável, não há como não fazer conexões com a Kelis de "Caught Out There". Se nas novas "apropriações" de R&B muito se fala em sensibilidade plástica e sensualidade forçada, Kelela nos apresenta uma outra possibilidade: a da agressividade real, do clima despedaçado construido por uma voz harmoniosa.

Julio Pio [7.5]
Zebra Katz, Brandy e Marble Players em laboratório. É muito engraçado ver como ultimamente o lado sexy do R&B e do hip hop pende para composições sombrias, baixos esquisitos e bem marcados e uma quebra estranha na melodia. Liguem seus radares - Kelela parece um nome pra se ficar de olho nos próximos meses.

Ramon R. Duarte [7.5]
Uma desconstrução um tanto incomum e sombria do R&B contemporâneo, há uma anormalidade que flerta com a mesma estratégia extravagante usada pelo Autre Ne Veut em seu Anxiety e James Blake em Overgrown, um ato estranho de violentar a formalidade do gênero com exageros vocais e construções rítmicas inabituais, essas distribuídas em situações pouco convencionais que servem para impulsionar e retirar o rhythm and blues do seu âmbito inofensivo e costumeiro; no entanto, aqui o discurso sistemático da obra assume quase que toda a faixa com uma batida nervosa que atinge o seu ápice em um epílogo future garage pesado e nebuloso, apoiando-se na profundidade que a faixa imerge o ouvinte de modo sedutoramente dramático. Não fosse o vocal – esse sim mais corriqueiro e simétrico – de Kelela, que conduz linearmente cada nota como se fosse uma música simples, quebrando em estilhaços as minúcias do clima ultrarromântico e gélido que a faixa sustenta, “Enemy” seria somente mais uma canção despretensiosa e vulgar como boa parte da que pertence ao R&B moderno, mas não, aqui existe algo de profano, de instigante, algo que nos faz ficar curiosos e esperançosos por um álbum de estreia que tem tudo para ser bom. Só nos resta aguardar.


7.3

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