domingo, 15 de setembro de 2013

Sleigh Bells - Bitter Rivals (Faixa)

De líder de torcida à atacante 101: Uma introdução teórica

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Danilo Bortoli [7.5]
Eu sou, provavelmente, a única pessoa por aqui que encontra subversão no fato de que as líderes de torcida de Treats foram pra faculdade em Reign Of Terror e encarnaram uma espécie de Pantera do indie pop. Em "Bitter Rivals", o Sleigh Bells continua com a mesma fórmula, mesmo que eles tenham destilado ainda mais o som deles. Aqui, como no álbum anterior, eles estão divididos: há o excesso do hard rock dos anos oitenta e o lado pop do lirismo. De alguma forma, funciona, porque eles só se apropriam em parte destas formas de criar canções, o que significa que isto dá abertura para um tipo de subversão curioso. Por mais que eles adorem a estética glam que eles tanto vendem, eles nunca estão totalmente comprometidos com ela. E eles são suficientemente espertos para fazer a mesma coisa com o lado pop do projeto. Em "Bitter Rivals", eles andam pelos dois polos sem nunca se apegar a um só. Chame isto de fraqueza. Eu chamo de subversão.

Felipe Reis [4.5]
Eis algo que eu sabia desde o começo: Sleigh Bells é uma banda do tipo que se repete até perder tudo que a tornou impressionante no começo da carreira. "Bitter Rivals" é como qualquer faixa dos outros dois álbuns, porém o estilo que desenvolveram se diluiu graças ao reuso, agora parecendo mecânico: sem a surpresa, sem o vigor, sem a espontaneidade. Para um grupo que se garante pela energia e atitude e não pela "musicalidade", este é o começo do fim. 

Julio Pio [6.5]
Sleigh Bells parece sofrer da mesma síndrome que acometeu Gwen Stefani, Florence + The Machine, Rihanna: reciclar descaradamente faixas descartadas do álbum anterior. Quero saber se vamos ter pérolas como "Tell'Em" e "Rill Rill" outra vez ou viveremos a base de xerox de "Kids". Não que isso seja ruim. Só é tedioso.

Ramon R. Duarte [7]
Inferiorizar - de modo categórico - o que o Sleigh Bells faz, digamos... “sonoramente” ou “musicalmente” (?) é de um egoísmo um tanto separatista. O duo está longe de ser apenas uma representação puramente hedônica e vazia nos moldes de um glam/hard rock arcaico ou de uma versão paródica do complexo de épico que as tradicionais bandas de rock arena ostentam/ostentavam, até porque não é possível agrupar essas bandas em espécimes de futilidade gratuita sem erradicar qualquer inclinação de análise subjetivista – afinal, tudo não passa de representação, como o próprio pop contemporâneo mainstream faz questão de ser e nem por isso é rebaixado ou sentenciado em uma subcategoria. O mais engraçado - e interessante - disso tudo é que poucos notam como o Sleigh Bells caminha entre o popularesco marginalizado, diminutivo, repudiado e o pop alternativo, ilustre, vanglorioso... Predomina sempre o semblante segregado do duo, que estranhamente se sobressai como um acessório anômalo em um corpo saudável, ninguém se importa com o fato da dupla sustentar a mesma extasia noise de guitarras que, por exemplo, bandas de shoegaze vomitam de modo igualmente masturbatório, mas que ainda assim todos batem palmas, e babam em cima, e beijam, e tiram fotos e tudo mais; enfim, poderia chamar isso de hierarquia cultural, mas não vem ao caso. Pois agora acontece justamente o contrário: o Sleigh Bells está mais preocupado em diluir o seu som, no entanto, de modo justo e distinto de subordinação cega, o que já havia ocorrido em Reign of Terror, algo que germina involuntariamente na incoerência segregativa que tratei no início da resenha, mas novamente não é o assunto que abordo aqui. O que temos é uma dupla menos noise e mais pop, e que agora pretende seguir nessa linha; “Bitter Rivals” mostra um novo Sleigh Bells que está aí, justamente para contradizer, rivalizar, fazer barulho – agora sob uma bagunça com o pé no freio, mas por questão de segurança e não de covardia.

6.3

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