Se por um lado há todo um lamento sobre os rumos que as pistas de dança tomaram - leia aqui Skrillex e adjacências - temos também muito o que comemorar. 2013 apresentou uma série de debuts pro mundo de qualidade notável. Sim, spoiler: The Bones of What You Believe é um desses álbuns memoráveis.
Toda uma leva de artistas tenta a 10 anos repetir "Heartbeats" do The Knife, já o trio escocês parece ir por uma rota um pouco menos óbvia e absorve muito mais os impactos emocionais de "Silent Shout" do que qualquer outra coisa produzida pelo duo sueco. Misture isso a atmosferas no estilo Information Society/Depeche Mode/M83, o gimmick da produção dance despretensiosa (e no fundo com todas as ambições do mundo) e bam!, você tem nas mãos um disco brilhante.
E aqui é interessante traçar um paralelo no que diz respeito a ambições e visões sobre rock e "dance music" - lembro a todos de Ellie Goulding, que em algum ponto do passado tentou construir a imagem da garota do rock que cria suaves melodias folk em um violão pra depois encher de kicks e snares. Aí vem Chvrches faz um caminho inverso - são garotos que nasceram pra uma pista de dança, sempre quiseram estar uma pista e, por acaso, tem uma noção bem definida do que representam os elementos típicos do rock: a noção de banda, de unidade, até mesmo do uso dos instrumentos.
Se há hoje dezenas de Ellies por aí, Chvrches consegue um pouco mais de destaque com faixas muito bem produzidas, letras simples sobre amor e relação - tudo em uma posição ativa e dominadora - e sem negar nem um minuto a que vieram: eles querem te ver dançar. E pular num show. Eles querem ser uma ponte entre dois mundos que não necessariamente se contrastam. Não parecem estar nem um pouco interessados em explicar se foram do acústico ao eletrônico ou se são um grupo de rock dançante ou um projeto eletrônico com cara de power band. E sinceramente, nem precisam.
8.6 [RECOMENDADO]
Nenhum comentário:
Postar um comentário