segunda-feira, 22 de julho de 2013

Fuck Buttons - Slow Focus (2013)

Gêneros: noise, pós-rock, drone
Similares: barulho que sua mãe faz na cozinha em dia de Natal



Numa temporada em que o dub (e suas variações) parece ser a única coisa que está acontecendo na Inglaterra, me pego pensando na existência de uma banda como o Fuck Buttons. Primeiro porque o duo faz um som completamente inclassificável - há elementos de drone, pós-rock e música eletrônica, sem que nenhuma música deles se pareça exatamente com nenhum desses estilos. Depois porque esta é uma banda que não espera absolutamente nada dos seus ouvintes - não há traços de nostalgia, de reverência ou qualquer vestígio pop. Fuck Buttons é o terror das criancinhas.

Se podemos escolher um disco bizarro e completamente atemporal em 2013 é este Slow Focus. Sério, esse álbum podia ser lançado em qualquer ano e continuaria a ser insano. No texto da Pitchfork, Jayson Greene compara aos monólitos indecifráveis de 2001 - Uma Odisseia no Espaço. E porra, que bela comparação. É justamente esse tipo de obscuridade e abstração que se ouve aqui. Trata-se de um som sem métrica, sem conforto, sem nenhuma vontade de encaixar o ouvinte. O que ouvimos é violência abstrata por sete faixas.

Diferente do que acontece em pós-rock, os títulos das faixas só nos deixam ainda mais confusos. Talvez porque centralizar o ouvinte num conceito ou numa ideia seja reducionista demais para o duo. Eles entendem que é da confusão que nasce a obsessão pelo que escutamos. Se sabemos exatamente como uma coisa funciona ela se torna chata, monótona. Por isso este disso soa como uma massa sonora agressiva, que nunca é rasa e que nunca aposta no sensível, mas sempre no intenso. Não é questão de causar impacto, mas sim de impor uma viagem. Impor mesmo, não tem nada de cuidadoso ou gentil em Slow Focus. O Fuck Buttons é, principalmente, uma banda de noise. 

Para a sorte desse viciado em música aqui, ainda existe gente que não acredita em conforto ou sutilezas de produção. Música afinal não é beleza e técnica, mas uma vontade infantil de inventar, de brincar com barulho e silêncio. Grande música é, de alguma forma, música estranha. E Slow Focus é absolutamente indecifrável. Um enigma flutuando no espaço. Fadado a existir eternamente sem uma explicação, como os monólitos do filme de Stanley Kubrick. O charme não é querer entender o porquê, mas sim celebrar a dúvida.  

8.9 [RECOMENDADO]

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