sábado, 3 de agosto de 2013

Omar Souleyman - Wenu Wenu (Faixa)

هذه ليست نكتة عن تنظيم القاعدة.



Danilo Bortoli [3]
Parece o que a Nintendo faria caso precisasse investir no market share na Arábia.

Felipe Reis [8]
Existe uma dificuldade para falar do Omar Souleyman devido à distância do contexto do qual ele faz parte. Falar sobre ele é correr o risco de falar bobagem por falar de algo que não se entende. O que acontece em "Wenu Wenu", no entanto, é que esse contexto não parece tão alien como nas músicas anteriores de Omar - a fusão da música regional do Oriente Médio com a dance music aqui soa palpável, é mais um affair global com a apropriação cultural (e aí não tem como não lembrar da M.I.A.) do que um produto exótico que deveria ter ficado em seu lugar mas por um acaso foi descoberto pelo mundo. Se ainda existe o fator exótico na voz rouca de Omar, é a produção do Four Tet que garante esse apelo global. Brincando com os samplers e criando uma odisseia psicodélica dançante e altamente hipnótica, Kieran se torna o Diplo de Souleyman. Sim, acho que estamos prontos para o arabic pop. 

Julio Pio [7]
A experiência mais próxima que tive com Omar Souleyman é o excelente remix de Crystalline da Björk no qual ele participou, e a gente pode ouvir as semelhanças entre as duas faixas aqui - a virtuose do tecladinho Cassiotone (?) e a voz imponente do Omar. É complicado falar sobre Arabic Pop devido a distância que temos da cultura - não sabemos até agora se ele é referência por fazer um pop competente como um 2NE1 ou veio a tona como uma Gaby Amarantos e seu crossover entre o que se faz na periferia com um teclado midi e um computador de fundo de quintal com uma produção de milhares de canais. As únicas pistas que temos é essa letra melosa, melodia irresistível, voz marcante e todo o exotismo que só a globalização dos nichos traz pra você.


Pedro Primo [8]
Se na década passada a M.I.A. fazia pop mutante da posição de uma nerd de música que sabe de absolutamente tudo que acontece no underground e no mainstream, Omar nos apresenta ao pop do século XXI no centro do furacão. Ao se aliar com Four Tet e permitir ao produtor introduzir todo tipo de disparidade rítmica numa coleção de beats e melodias que devem ser comuns ao seu universo, Omar conseguiu uma canção estranha e vibrante que, nos ouvidos de um nerd de música, causa o impacto de observar um estilo germinar - ainda que, sem qualquer contexto, deva se tratar de apenas uma curiosa canção pop. 

Ramon R. Duarte [7.5]
Confesso que hesitei um pouco ao tentar formular algum conceito sério sobre essa música do Omar Souleyman, de imediato a tratei com pouca consideração e a inclui em uma condição de quase deboche, algo próximo a piada hurr durr /mu/core que foi o Mahmoud Awad e o seu estrupício alienígena Sheikh to the F.U.T.U.R.E, mas não, depois de um – bom – tempo analisando melhor a faixa eu consegui notar uma manifestação artística legítima sobre uma interessante exposição de modernização da música islâmica. No entanto, diferente da picaretagem descompromissada fantasiada de renascimento futurista de ficção científica à lá Ed Wood presente na anomalia de Mahmoud Awad, Omar Souleyman faz um estudo proficiente de conciliação entre o dabke – uma espécie de dança folclórica árabe – e a dance music ocidental, mas aqui não há aculturação exacerbada como ocorre, por exemplo, no j-pop e no k-pop mainstream, a produção eletrônica funciona como predicado - e Four Tet faz muito bem isso em não tratar a faixa - e Omar - com atitude penosa de estrangeirismo e excentricidade artística -, até porque a cerne de “Wenu Wenu” é muito mais regionalista do que qualquer “cultura de massa” – coloque muitas aspas nisso. E é aí que eu percebo a diferença entre uma M.I.A. de “Bucky Done Gun” e o que o Kieran faz aqui, em “Wenu Wenu” não existe essa apropriação em seu sentido habitual, pois a síntese folclórica da faixa ainda prevalece, a essência ainda é visível em um manifesto fiel ao contexto sociocultural da música islâmica. Não há modulação nos padrões normativos ocidentais, a sua aceitação está no seu devido contexto sem distinção do trivial e exótico, sem pasteurização de ideologia artística, algo raro de se ver – ou melhor: escutar.

6.7

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