segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Mutya Keisha Siobhan - Flatline (Faixa)

O que existe de complicado no nome artístico que elas escolheram, existe de bem resolvido nessa que é a canção pop do ano.

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Danilo Bortoli [10]
A melhor coisa que pode ser dita acerca de "Flatline" também é a mais óbvia: esta é uma canção sobre o fim de um relacionamento que, para quem sabe de toda a história que envolve o MKS e as Sugababes de hoje, tem a sua ironia no fato de que este é o melhor retorno que Keisha e as garotas podiam ter. Como uma canção pop que poderia ter sido feita em qualquer momento entre 2001 (o lançamento de One Touch) e 2006 (o lançamento do Greatest Hits) e ainda ter se saído bem nas rádios, é impressionante como elas não querem mais soar como um girl group. E o refrão em uníssono deixa isto bem claro. Elas conseguiram, através de alguns dos vocais mais excepcionais que o pop inglês teve direito de ouvir nos últimos dez anos, ultrapassar a fronteira do girl pop e parecer mais três mulheres independentes do que um grupo. Elas provam, em "Flatline", que juntar três personalidades numa canção (obra de Blood Orange) pode ser o melhor. Mesmo que elas sintam o mesmo e estejam em sincronia como ninguém mais está, o hook é três vezes mais poderoso.

Felipe Reis [9.5]
As Sugababes originais retornam uma década depois pra mostrar que ainda são donas do dom e da inteligência para dar forma ao que pode ser chamado de pop perfeito - basicamente, o que elas fizeram lá atrás em "Overload". O que faz um hit radiofônico ser infalível? Uma produção marcante que sabe ser fácil sem ser óbvia ou exagerada, melodias grudentas que exalam confiança e uma sensibilidade lírica capaz de criar catarse, o songcraft que consegue passar as emoções mais poderosas usando os versos mais simples. Aqui temos Dev Hynes quase repetindo o feito de "Everything Is Embarassing", três moças com vocais afiados em sincronia e uma expressão lírica sensacional - a narração de um relacionamento à beira do fim ("I can feel a flatline that ought to be a wave") é feita de pura confiança: podemos sentir a agonia, o desespero e a melancolia, mas nunca nos deparamos com uma faixa que é triste per se através de formatos óbvios, acontece o extremo oposto. Bem, eu poderia ter me poupado de escrever tanto e ter dito apenas o necessário: "Flatline" é a canção pop de 2013.

Julio Pio [9.5]
Acho que a parte mais legal de se discutir música são as surpresas. Quer dizer, quem diria que uma faixa pop, descaradamente pop iria se revelar como concorrente a faixa do ano em 2013? Não que isso não seja possível, afinal "Crazy in Love" da Beyoncé foi um hino dos anos 00s. Mas é que 2013 já começou cheio de batidas industriais, longas faixas de mais de 8 minutos com ruídos ambiente, indie-afro-pops e releituras do garage house. Muita coisa interessante pra se prestar atenção. Aí vem Mutya Keisha Siobhan, que parecem chegar como veteranas sem timidez, sem grandes alardes, sem pirotecnia, com uma faixa irresistível, catártica, com uma estrutura interessante e um refrão que gruda fácil. Um revival de formação original de uma banda que ainda não acabou oficialmente lança um dos hits mais legais do ano. E você achando que já viu tudo.

Pedro Primo [8]
Acho que não conseguiria me expressar de forma eloquente sobre uma faixa que diz tanto com tão pouco. É pop perfeito, o que mais posso dizer?

Ramon R. Duarte [4]
Francamente, essa é a definição de “pop perfeito” que os popistas tanto buscam? Sério mesmo? Uma música óbvia e débil como essa? E pouco me importa o contexto de palha que querem dar a isso, a historieta de “retorno triunfal” (aspas, muitas aspas) das meninas que levaram um pé na bunda no cenário da música e que agora querem reviver o apogeu medíocre dos velhos tempos de girl band. Ignoro e passo por cima, analiso o agora – e o presente, bem... ele é cretino. E essa música: igualmente. A situação só não é mais sofrível pela simples covardia de não querer ser, isso mesmo, pela preguiça desse pop brocha que as garotas tentam ganhar no crédito morto de um comeback inútil e arcaico, como o retorno – que ninguém pediu – dos integrantes originais do Backstreet Boys - em pleno 2013! Voltem para o ostracismo da gruta pop de onde vocês nunca deveriam ter saído! Ladainha de produção, catarse e outros blá-blá-blás de esquina me dão cada vez mais a certeza dessa superficialidade de análise mecanicista da arte, nesse status de fábrica que grande parte do pop mainstream se apropria vergonhosamente, como jurados de reality show que tratam músicos/bandas – e consequentemente a arte - como ferramentas moduláveis, produtos em seus devidos pacotes lacrados e prontos para a entrega – indico “15 Million Merits” para uma melhor reflexão. De qualquer forma, não condeno de modo sentencioso – mesmo que não fique transparente no meu estilo efusivo de defesa. Isso não seria problema se, ao menos, “Flatline” se comprometesse seriamente à farsa de uma catarse travestida, mas aqui nem teatro há, é a purificação da felicidade para a felicidade da maneira mais escancarada possível - ou seja: não há catarse. Algo vexatório. De novo: esse é o tal do “pop perfeito” que tanto procuram? Porque se for, olha... tenho más notícias para a música pop.


8.2 [RECOMENDADO]

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