sábado, 8 de junho de 2013

CL - The Baddest Female (Faixa)



Danilo Bortoli [9]
A melhor parte do melhor grupo de k-pop atual, CL junta todos os elementos que ela vem exercitando no 2NE1 desde sempre: o quase rap de "I Am The Best", a produção de "I Love You" e os erros que ela não quer mais cometer em "Gettin' Dumb" com will.i.am. Com tudo isto na cabeça, ela sabe que o melhor pop que tem saído da Coreia recente tem tomado consciência do Poder e do seu cinismo. Dessa forma, "The Baddest Female" é tão autoconsciente que nem parece uma cópia melhor do que vem ocorrendo na América. CL conhece todos os truques e clichês, mas os relê de uma forma que faz tudo mais o que você escuta no rádio risível, dada a seriedade. É um hino, até porque fazer os outros rirem do pop americano tem sido algo constante no k-pop. "The Baddest Female" toma essa missão em 2013. 

Felipe Reis [7.5]
No mundo exagerado e ultra-colorido do K-pop (uma camuflagem para um modelo de produção funcional para as brigas de hits nos charts) é raro encontrar momentos de brilho sincero, flashes de sutileza. Não surpreende que o primeiro single solo da CL (membro das 2NE1) seja um deles. Ao invés de pop noventista multi-part misturado com electro-house genérico, temos trap beats e uma sessão de brostep que não aliena a canção. Posso não entender o que ela diz, mas o flow e a expressão (sim, é um rap) conquistam - não tem muita diferença disso daqui para as melhores faixas da Angel Haze. Dá pra relevar o ar "Run The World" reciclado da Beyoncé e focar no essencial: essa é uma faixa de k-pop pra gostar além de "I Love You".

Pedro Primo [2]
Agora eu entendo os fãs de daddy rock.

Ramon R. Duarte [3]
Não faz muito tempo desde que comentei no meu blog pessoal sobre o atual momento que vive o pop asiático. Como disse no meu texto, enquanto o j-pop ainda sobrevive de nichos (em sua maioria trilhas, games e animes) ou segmentado na música experimental sobre uma concepção bem mais rasteira e sem muitas ambições, uma ambição digamos... vulgar, da qual sou partidário (ver Taj Mahal Travellers, Keiji Haino, Merzbow e toda a cena spacerock/japanoise), o k-pop, no entanto, soube se vender mundo afora como uma peça estranha. Apesar do flerte com algo mais popularesco no auge da new-wave e do rock progressivo (ver Kitaro e YMO), a música pop japonesa aparentemente nunca se viu inserida em um contexto coletivo e sempre viveu muito bem à margem de qualquer ambição mercadológica no âmbito musical; de novo, em contrapartida, o k-pop gradativamente vem se incorporando a esse sistema que rege a música pop. Psy foi o estopim, com uma piada (engraçada, convenhamos), não poderia ser diferente, porém o que vejo no k-pop está longe de ser engraçado - e essa aberração chamada CL sintetiza tudo de pior que enxergo na globalização do pop coreano. O que temos aqui é o bagaço de todo o conteúdo pop habitual – e que todos preconizam em seu ambiente natural -, mas que parece ganhar atributos maiores pelo seu aspecto, hum... “excêntrico” talvez? Sei que pode parecer de uma infantilidade descomunal pensar assim, mas infelizmente é o que me parece; afinal, bling-bling pra inglês ver, enfeitinho brostepado pra inglês ver, produto made in Coreia pra inglês ver; CL grita desesperadamente por aceitação, pois eu digo: não, obrigado.


5.3

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